Não importa o tamanho da sua empresa: micro, pequena, média ou grande, a Saúde Ocupacional (SO) é obrigatória e fundamental. O setor, que visa a prevenção de problemas relacionados ao trabalho, é extremamente importante para evitar possíveis males físicos ou mentais ocasionados nos colaboradores, muitas vezes, pela rotina no ambiente de trabalho.
Por isso, é essencial que o profissional de Recursos Humanos (RH) tenha domínio dos aspectos e propósitos da Saúde Ocupacional, uma vez que a área busca melhorar a saúde e qualidade de vida de todos os funcionários.
O que é Saúde Ocupacional?
A Saúde Ocupacional é a área focada na prevenção de doenças e acidentes de trabalho, buscando diariamente promover o bem estar físico e mental dos funcionários, através do cumprimento das normas e leis dos Ministérios e Secretarias.
É considerada um setor estratégico dentro das empresas e, por isso, o departamento de RH é ligado diretamente à SO, sendo ambos responsáveis pelas orientações, direcionamentos e cumprimento das recomendações.
Quais são os programas da Saúde Ocupacional?
A legislação brasileira é rigorosa e detalhista no que se refere à Saúde Ocupacional. Atualmente, existem inúmeros programas que visam a proteção do trabalhador, sendo baseados por Normas Regulamentadoras — também conhecidas como NRs, que regulamentam e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e saúde do trabalhador — sendo eles:
Para um ambiente de trabalho seguro e salubre a todos os trabalhadores, independente do porte e ramo de atuação da empresa, a SO deve colocar em práticas todas essas disposições, diretrizes, requisitos e medidas gerais, sugeridas pela Secretaria do Trabalho (STRAB). Dessa forma, é possível trazer diversas vantagens, tanto para a empresa quanto para o trabalhador.
Quais as vantagens da Saúde Ocupacional?
Além de evitar os riscos já existentes no ambiente de trabalho, a introdução de um programa de Saúde Ocupacional também é capaz de detectar possíveis novas ameaças e minimizar erros que possam ocorrer, gerando novas propostas de soluções.
Por isso, ter um núcleo de SO pode ajudar, tanto no crescimento saudável da empresa, como na propagação de uma imagem corporativa positiva para a sociedade em geral. E isso se torna algo muito importante, já que ao ocorrer uma situação que compromete a saúde ou o bem estar de um trabalhador, de alguma forma, a empresa pode ter conflitos judiciais por parte do funcionário afetado — situação que pode ser evitada por meio da SO.
Além disso, e talvez o mais importante, é que funcionários que estão em ambientes de trabalho mais engajados, motivados e produtivos, se sentem valorizados e, logo, precisam de menos recursos médicos e faltam menos, baixando também o índice de sinistralidade dos planos de saúde, fazendo com que a empresa tenha mensalidades e reajustes menores. Uma equipe com colaboradores saudáveis e satisfeitos reduzem o absenteísmo e melhoram a produtividade. Assim, tanto o trabalhador quanto o empregador ganham com a SO.
Qual o papel do RH na Saúde Ocupacional?
O núcleo de Recursos Humanos tem a missão de selecionar, treinar, integrar e desenvolver colaboradores, com a função de promover um clima agradável, onde a saúde e a qualidade de vida dos funcionários façam parte da cultura da empresa. O departamento vai muito além de admissão e demissão.
A empresa que possui um programa de Saúde Ocupacional planejado tem melhor condição de acompanhar seus resultados. Uma das vantagens desse acompanhamento é medir os indicadores de RH. Assim, a organização pode iniciar mudanças internas mais objetivas e eficazes.
A SO e a execução do RH focadas na saúde do trabalhador conseguem diminuir as faltas, doenças e atestados. Dessa forma, ter o RH e SO integrados faz com a empresa se desenvolva e tenha benefícios a longo prazo.
Para isso, o RH deve estar disposto a implementar ações, programas e campanhas de conscientização, pois muitos profissionais ainda não priorizam essas iniciativas. É interessante que a empresa adote essas iniciativas como permanentes.
Quais ações do RH contribuem para a SO?
Considerando que o foco de ambas as áreas é o bem estar do funcionário, existem alguns exemplos práticos passíveis de implementação em qualquer tipo de estrutura organizacional, sendo eles:
- Capacitação e reciclagem: segundo as próprias NRs, é necessário oferecer treinamentos à equipe sobre as normas vigentes. Assim, o RH também aproveita a oportunidade para estimular a comunicação entre os colaboradores. É possível promover dinâmicas, simulações e debates sobre riscos inerentes às funções desenvolvidas, abrindo espaço para a equipe exprimir suas dúvidas, compartilhar experiências e buscar soluções. Esse tipo de engajamento fortalece a cultura da empresa e melhora o clima organizacional, já que denota a preocupação da empresa com a Saúde Ocupacional. É uma forma de aumentar a produtividade e, logo, os resultados da empresa;
- Avaliação de desempenho: é bem interessante levar em consideração boas práticas para mitigar riscos e o uso correto dos Equipamentos de Proteção (EPIs) para avaliar os colaboradores. Este processo de análise é desenvolvido pelo RH e há o feedback ao funcionário sobre a satisfação da organização com a realização da sua função. Ao valorizar quem promove a Saúde Ocupacional, o RH está ressaltando a importância da atitude, criando exemplo para toda a equipe. Ao considerar tal comportamento, a avaliação de desempenho ainda reafirma a cultura organizacional.
- Contratação de especialistas: não é sugestível, por exemplo, ter uma equipe de RH formada por psicólogos, mas não oferecer atendimento psicológico aos funcionários. Por isso, é importante ter profissionais terceirizados ou contratados da área da saúde e SST, para a assegurar o acompanhamento dos programas e políticas assiduamente, trazendo conhecimento dos prontuários e histórico de casos reportados na unidade laboral.
- Reconhecimento de lideranças: é importante que o RH reconheça e contrate líderes capazes de analisar riscos e evitar acidentes, principalmente, em cargos estratégicos. Isso reafirma a preocupação da empresa com o tema, também servindo de exemplo para os demais membros da equipe.
Como fica a Saúde Ocupacional no home office?
Apesar do trabalho remoto ser realizado no conforto de casa, ele exige que a empresa tenha precauções com relação a esta modalidade de trabalho. Segundo a Reforma Trabalhista, além de outras normativas, a instrução da equipe quanto às precauções para evitar doenças e acidentes de trabalho é fundamental, tendo como base a assinatura do termo de responsabilidade do empregado acerca das instruções fornecidas sobre Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
Isso porque o home office não possui uma legislação específica. Contudo, o artigo 6º da CLT diz que não há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento e o executado no domicílio, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. Por isso, na pandemia este modelo foi muito adotado, visto a segurança, praticidade e flexibilidade do modelo, sendo criadas Medidas Provisórias para sua adesão.
É perceptível uma maior dificuldade de promover o bem estar dos funcionários com a distância. Com isso, se torna extremamente importante a criação de um plano direcionado à saúde dos colaboradores, que se encaixe à realidade remota e que auxilie os funcionários a trabalhar em home office sem exaustão e mais produtividade.
Veja algumas sugestões de determinações que podem conter um plano de trabalho remoto:
- Orientar e citar à risca o cumprimento da NR-17 — NR que “visa estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho”.
- Sugerir as orientações de ergonomia para o trabalho sentado;
- Incluir atividades de relaxamento mental, como a meditação;
- Enviar lembretes digitais que ressaltem a importância dos intervalos de descanso;
- Conferir se os trabalhadores que utilizam óculos estão com os exames em dia e lentes adequadas;
- Oferecer treinamentos que otimizem o uso das funcionalidades de trabalho em casa;
- Fiscalização do cumprimento das regras através de visita ao local de trabalho, para averiguação das condições, tais como, instrumentos, ferramentas, cadeiras, iluminação, entre outros.