Confira as principais novidades, informações e notícias que aconteceram no mês de junho na área de Saúde e Segurança do Trabalho e estiveram no Boletim de Notícias da Paromed.
Semana de trabalho com 4 dias pode ajudar o meio ambiente?
O primeiro projeto piloto da semana de quatro dias de trabalho começa em novembro no Brasil. O modelo é fomentado pela 4 Day Week Global, entidade que incentiva os trabalhadores a discutirem o tema com suas empresas (e sem redução de salário). Se tiver essa conversa com seu empregador, além dos benefícios sociais, para a saúde e de produtividade, um bom argumento é o impacto positivo da medida para frear o aquecimento global, como aponta uma série de estudos.
Ainda que os efeitos das mudanças climáticas tendam a ser desiguais e maiores entre os mais pobres, como mostram os relatórios das Nações Unidas, patrões ou empregados não têm como escapar deles.
Em um mundo 1,1º C mais quente em relação aos níveis pré-industriais, um dia a menos de trabalho por semana significa menos deslocamentos, gasto de energia, combustíveis fósseis e potenciais mudanças de hábitos. Isso se traduz em níveis mais baixos de emissões de gases do efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2), causadores das mudanças climáticas.
Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da Universidade de Reading, na Inglaterra. Publicado em novembro de 2021, e realizado com 2 mil funcionários e 500 líderes empresariais, o estudo afirma que, se todas as empresas e organizações do Reino Unido passassem a adotar a semana de quatro dias, os deslocamentos para o trabalho diminuiriam em mais de mais de 1 bilhão de quilômetros por semana.
O estudo também aponta que essas empresas economizaram cerca de 2,2% do faturamento total (R$ 6,4 bilhões) ao reter talentos e aumentar a produtividade. Além disso, mais de dois terços das empresas dizem acreditar que uma semana de quatro dias será importante para o futuro da companhia e 75% dizem que a maior barreira para adotar o modelo é garantir a disponibilidade para seus clientes.
No mesmo ano, em maio, estudo da 4 Day Week Global e da Plataform London, uma ONG focada em justiça ambiental, apontou que a mudança para a jornada de quatro dias, sem perda de salário, tem potencial para diminuir a pegada de carbono do Reino Unido em 127 milhões de toneladas até 2025.
De acordo com o levantamento, isso representa redução de 21,3%, e é mais do que toda a pegada de carbono da Suíça. Também equivalente a retirar 27 milhões de carros das ruas – quase a totalidade da frota de veículos particulares do país.
E isso não é conversa de quem quer apenas trabalhar menos. Países como a Holanda, Nova Zelândia, Suécia, Irlanda, Noruega e Emirados Árabes, além do Reino Unido, já adotam jornadas menores ou mediram seus benefícios.
Em novembro, as empresas daqui terão a oportunidade de testar o modelo em estudo pioneiro no País conduzido pela 4 Day Week Global, em parceria com a brasileira Reconnect Happiness at Work. Os resultados serão analisados pelo Boston College. As inscrições podem ser feitas no www.4dayweekbrazil.com.
De olho nos olhos: acidentes no trabalho provocam lesões e doenças oculares.
Segundo dados do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), em 2022, ocorreram 612,9 mil notificações de acidentes de trabalho, bem acima dos 442,8 mil registrados em 2020, no início da pandemia de covid-19.
O relatório também revela que em uma década, 2012 a 2022, o olho ocupou a oitava posição no ranking das notificações, totalizando 3% do total ou 166.310 lesões no período. As partes mais atingidas apontadas pelo relatório foram: dedo (24%), pé, exceto artelhos (8%), mão, exceto punho ou dedos (7%), joelho (5%), partes múltiplas (4%), perna (4%) e olho (3%).
Este número de acidentes indica um aumento exponencial dos custos corporativos. Isso porque, para cada R$ 1 segurado pela Previdência podem ser acrescidos R$ 4 não segurados. Porém, esses acidentes podem ser, muitas vezes, evitados com medidas de proteção simples.
As lesões laborais nos olhos, por exemplo, sinalizam falta de óculos de proteção, também conhecidos como EPI (Equipamento de Proteção Individual) ocular, ou uso de óculos de proteção inadequado.
Os acidentes oculares apontados pelo INSS foram causados por – agentes químicos e biológicos, ferramentas manuais e equipamentos. As principais complicações oculares decorrentes das lesões laborais são: ceratite, catarata e glaucoma traumático dependendo da causa.
A catarata traumática é mais comum entre eletricistas que trabalham sem EPI e recebem grande quantidade de radiação ultravioleta nos olhos. Também pode ocorrer entre soldadores e dentistas. Já soldadores que trabalham sem EPI sentem forte ardência nos olhos. É a ceratite do soldador uma inflamação da córnea que geralmente só é percebida durante a madrugada.
No entanto, especialistas alertam sobre a automedicação com colírio anestésico para aliviar a ardência, que pode levar à úlcera na córnea, infecções, perda temporária da visão e até ao transplante de córnea. No contato com produtos químicos ou biológicos recomenda lavar abundantemente os olhos e passar por consulta para higienização profissional e prescrição de colírio.
Cabe ressaltar que o glaucoma pode ser causado por uma contusão. Por ser uma doença silenciosa que só é percebida em estágio avançado recomenda passar por consulta oftalmológica após sofrer um impacto na região dos olhos.
A boa notícia é que os óculos previnem 9 em cada 10 acidentes oculares. A escolha deve levar em conta a atividade e o ambiente de trabalho. Veja a seguir as melhores cores para as lentes, de acordo com cada função:
- Amarela: Indicada para motoristas em condições de pouca luz, como dias nublados, com neblina e à noite. Também evita o ofuscamento e por isso é indicada para direção noturna.
- Cinza: Ideal para proteção contra ao excesso de luminosidade do sol e nos trabalhos de solda.
- Verde: Melhora a visibilidade em condições moderadas de luminosidade.
- Laranja: Melhora a visão de contraste tanto em dias ensolarados como durante a noite.
- Azul ou rosa: Ideais para descansar os olhos.
Promotores da Felicidade: empresas criam cargos para melhorar ambiente de trabalho.
Em 2023, as empresas não devem apenas parecer bons lugares para se trabalhar, precisam ter bons ambientes. Afinal, não faltam sites onde funcionários e ex-funcionários avaliam as organizações, muitas vezes sem que seja preciso se identificar. Para melhorar o clima organizacional, as companhias vêm criando cargos de promotores de felicidade e bem-estar, chamados de Chief Happiness Officer (CHO).
De acordo com o consultor de felicidade em entrevista para O Globo, Vinicius Kitahara, que possui clientes como Google e Suzano, “ainda há um certo preconceito porque as pessoas desconhecem que isso é uma ciência”.
A Faber-Castell se apoia nessa ciência para promover um ambiente saudável entre seus 2,4 mil empregados. De acordo com o diretor de RH e Sustentabilidade, Miguel Feres, é adotada a metodologia da entropia, que adapta a Pirâmide de Maslow (criada pelo psicólogo americano Abraham Maslow, em que estão listadas as prioridades dos seres humanos) com as motivações que levam as pessoas a suprir essas necessidades (desenvolvida pelo escritor britânico Richard Barrett). A combinação resulta em um índice, e quanto maior ele for menos saudável é o ambiente.
Segundo ele, quando começaram o mapeamento, em 2012, estavam num ambiente disfuncional. O índice era de 29%. No último levantamento, em 2022, o índice era de 9%, o que significa que estamos operando em um ambiente plenamente saudável.
Isso também pode ser traduzido em menor rotatividade. Na fábrica de Manaus a rotatividade chegou a 15%. Hoje não passa de 1%, diz Feres.
É possível concluir que liderança humanizada não quer dizer ser condescendente com má performance. É preciso entregar resultado, mas não a qualquer custo.
Gestão de emoções pode evitar ambiente de trabalho tóxico.
No mundo contemporâneo, a discussão sobre comportamento e emoções tóxicas tem ganhado cada vez mais relevância. O impacto desses aspectos na sociedade é motivo de preocupação, já que afeta tanto o indivíduo quanto o coletivo. No ambiente de trabalho não é diferente: as emoções desempenham um papel crucial na saúde mental e na produtividade dos funcionários. Mas o que isso significa exatamente e como uma cultura emocional negativa afeta o desempenho dos funcionários?
Um estudo populacional, conduzido por pesquisadores da University of South Australia, revelou que enfrentar um ambiente de trabalho tóxico aumenta o risco de depressão em 300%. Os dados indicam que os colaboradores de organizações que não priorizam a saúde mental de seus funcionários têm um risco três vezes maior de desenvolver depressão do que outros trabalhadores. A autora principal do estudo, Dra. Amy Zadow, afirmou ao jornal da universidade que a má saúde mental no local de trabalho pode ser atribuída a práticas, prioridades e valores de gestão inadequados.
É essencial que os líderes estejam cientes desse contágio de emoções e assumam a responsabilidade de criar uma cultura emocional positiva para suas equipes. Isso porque, uma cultura emocional negativa pode acarretar sérias consequências para o desempenho dos funcionários já que emoções negativas estão associadas ao estresse exagerado, que pode levar a problemas de saúde física e mental.
Os líderes que desejam se tornar excelentes gestores de toxicidade devem desenvolver três atributos principais, segundo o em treinamento de lideranças e promoção de saúde mental no trabalho, Charles Betito: em primeiro lugar, é necessário cultivar a percepção, por meio da presença e atenção plena, para identificar o fluxo das emoções dentro da organização. Em seguida, é fundamental praticar a escuta ativa, promovendo a transparência emocional e permitindo que os conflitos sejam expostos. Por fim, o líder deve exercer uma influência positiva, criando ativamente um ambiente genuinamente positivo que estimule a colaboração entre as pessoas.
Racismo no ambiente de trabalho: entenda o que as empresas devem fazer.
A empresa tem um papel no combate às práticas racistas e discriminatórias centralizando as na formação e educação dos colaboradores, principalmente na formação de uma liderança capaz de orientar e resolver conflitos que possam surgir.
Pela lei, a empresa é responsável por proteger e resguardar as pessoas colaboradoras no ambiente de trabalho, seja este físico ou virtual, isso inclui a necessidade de prevenção e combate a qualquer ato racista ou prática discriminatória no ambiente de trabalho. Por isso, a necessidade de implementar medidas internas e ações institucionais na empresa.
Cabe ressaltar que frases ou comportamentos racistas no ambiente de trabalho podem gerar demissão por justa causa. Primeiro é importante que a empresa tenha um canal de denúncia para que as pessoas possam denunciar e para que exista uma apuração interna. As práticas racistas podem levar a punições ao empregado que pratica um ato de racismo contra um colega de trabalho.
Pela legislação trabalhista existem algumas formas de punição – advertência, suspensão e justa causa. Além disso, a punição de empregados por parte da empresa por práticas racistas na rede social vem sendo cada vez mais aceita e admissível.
Há uma exigência de gradação da pena, já que o rompimento do contrato por justa causa é a penalidade mais grave aplicada ao trabalhador, o que significa dizer também que a punição deve ser proporcional ao ato e deve guardar um caráter pedagógico. Por isso, é importante que a empresa tenha um Protocolo Interno sobre como agir em situações como essa, pois nem sempre a aplicação extrema da justa causa resolve a questão ou alcança os objetivos principais que é formar e educar as pessoas colaboradoras.
A empresa precisava saber conduzir esse tipo de situação, entendendo que essas discriminações são estruturais, em que a educação é a melhor saída para prevenção e evitar que essas situações voltem a acontecer.
O entendimento sobre o combate às práticas racistas não exclui nenhum cargo na empresa, podendo haver alguma relação hierárquica entre essas pessoas ou até mesmo, pares na mesma equipe.
O que ocorre é que quando essa prática vem da própria liderança o impacto é muito maior, porque as pessoas líderes têm um papel essencial na formação da cultura organizacional. Por isso, o compliance além de visar a construção de normas internas, deve também assegurar que as práticas internas estejam em conformidade com essas normas, além da legislação.
Líderes dão mais valor ao ambiente do que ao salário, diz pesquisa.
Depois do salário, o ambiente de trabalho é o principal fator levado em conta por profissionais que não fazem parte dos times de liderança hoje. No caso dos líderes, o resultado é inverso: o ambiente de trabalho ocupa o primeiro lugar, seguido do ambiente. Os dados são do estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho 2022, realizado pela The School of Life em parceria com a Robert Half. Foram ouvidos 800 profissionais de todo o Brasil com 25 anos ou mais e nível superior completo, sendo 620 líderes e 180 liderados.
O estudo reafirma a ideia de que cada vez mais os profissionais estão em busca de um ambiente de trabalho saudável, que apoia o colaborador e permite a conexão com colegas, valores e propósitos. Nesse cenário, 45% dos líderes e 44% dos liderados já pediram demissão devido ao mau relacionamento com um líder direto ou pares de trabalho.
E a maioria dos dois grupos (67% e 57%, respectivamente) disse trabalhar atualmente com alguma pessoa emocionalmente desafiadora, com perfil manipulador, humor instável ou algum nível de agressividade.
O ambiente de trabalho é um fator importante para atrair e reter os talentos, assim como líderes mais humanos e próximos. Segundo o estudo, os profissionais sentem falta de apoio dos seus gestores. Para 36% dos funcionários, os chefes não estão demonstrando disponibilidade, escuta ativa, presença e valorização do outro.
Na avaliação dos profissionais, líderes também estão em falta em relação à comunicação, capacidade de decidir, empatia, objetividade e liderança.